Themístocles: Câmara terá mais vereadores que deputados
O presidente da Assembleia
Legislativa, deputado Themístocles Filho (PMDB), informou na abertura
da sessão de hoje (10) que já entrou em contato com os presidentes dos
legislativos dos estados que perderam vagas na Câmara dos Deputados para
discutir uma ação a ser encaminhada ao STF (Supremo Tribunal
Federal)pedindo a inconstitucionalidade da decisão do (TSE) Tribunal
Superior Eleitoral que reduziu duas vagas de deputado federal do Piauí
e, consequentemente seis de deputado estadual.
“Já
falei com os demais presidentes e nós vamos marcar uma reunião para
decidir qual o melhor caminho. Essa novela não acabou. O capítulo final
só em setembro. Além do Piauí, perderam vagas Pernambuco, Rio de
Janeiro, Paraná, Espírito Santo, Alagoas e Rio Grande do Sul”, afirmou.
Themístocles
disse ainda que muita gente apoia a diminuição de vagas, mas não atenta
que isso provoca a redução dos benefícios levados aos estados. “Se
ficar assim, a Câmara Municipal de Teresina terá mais vereadores do que
deputados na Assembleia”, lamentou. O presidente apontou ainda para os
caminhos que podem ser tomados. Um primeiro será a ação junto ao STF. O
segundo será via Câmara dos Deputados, uma vez que a Constituição
Federal diz que é competência dos deputados federais fixar o número de
vagas da Casa e em consequência das assembleias estaduais.
Em
questão de ordem, o deputado Marden Menezes (PSDB) lembrou que se com
dez deputados federais o Piauí já tem pouca força, com apenas oito será
pior. “Os deputados federais e estaduais são como formiguinhas, levando a
representatividade a todas as partes do Piauí, assim como dos outros
estados. Perder deputados é perder recursos. Isso aconteceu porque o
Congresso Nacional fica empurrando com a barriga a reforma política, que
poderia normatizar tudo isso. Aí não vota e a Justiça interfere”,
ponderou.
O
deputado Fábio Novo (PT) lamentou a perda de vagas e lembrou que os
três ministros do STF que compõe o TSE entenderam que a competência para
fixar o número de vagas é da Câmara dos Deputados, sendo que dois
votaram contra e um a favor, mas avisando que no STF votará contra a
decisão do TSE.
O
deputado João de Deus (PT) entrou na discussão do tema para dizer que
os políticos deixaram a desejar nessa questão. Ele sugeriu que seja
marcada uma reunião com o governador Wilson Martins tão logo ele retorne
de viagem ao exterior para discutir uma ação conjunta. “É preciso
envolver também a sociedade, além de todas as esferas políticas. Não
podemos deixar apenas a deputada Margarete Coelho cuidando desse
assunto. Ela é muito competente na área jurídica, mas todos os outros
setores devem participar”, cobrou.
O
deputado Antonio Uchôa (PDT) disse que reverter a decisão do TSE não
será uma batalha fácil, porque a luta será contra os estados que
ganharam vagas, pois eles vão defender com unhas e dentes. “Resta saber
se o Congresso Nacional vai regulamentar a questão e se, no caso da ação
no STF, se ela terá efeito suspensivo. O Ceará ganhou uma vaga em cima
da área de litígio, onde seis cidades estão em área do Piauí mas conta
como se fosse do lado de lá”, afirmou.
A
deputada Flora Izabel (PT) lembrou que a decisão é tomada com base na
população, sendo que o Piauí tem mais eleitores do que o Amazonas e
enquanto aquele estado ganhou três vagas e o Piauí perdeu uma. “Eles
podem ter mais habitantes por causa da Zona Franca de Manaus, que atraiu
muitas pessoas do Piauí e de outros estados. Ela foi aprovada no
Congresso Nacional graças aos votos dos parlamentares de todo o Brasil,
inclusive os nossos, que ajudaram a levar desenvolvimento para lá”,
comentou.
Numa
última questão de ordem, o deputado Evaldo Gomes (PTC) lamentou a pouca
articulação da bancada federal e lembrou que recentemente conversou com
dois parlamentares e eles disseram que estavam tranquilos e que não
havia a menor chance do TSE decidir como decidiu. “Eles foram omissos e
só passaram a agir na reta final, no processo de votação”, encerrou.