Apresentado em filmes eróticos e em cenas mais picantes de novelas e séries de TV como o auge da sintonia sexual entre duas pessoas, o orgasmo simultâneo é o sonho da maioria dos casais. Alguns conseguem de vez em quando, outros nunca obtêm sucesso em suas tentativas. Será que vale a pena ter a expectativa de que ele se manifeste na vida real com a mesma facilidade que vemos na ficção?
De acordo com especialistas, é possível gozar juntos, mas viver a sexualidade com essa cobrança não beneficia ninguém. “Às vezes pode acontecer esse tipo de orgasmo, mas é extremamente difícil”, afirma a psicóloga e sexóloga Carla Cecarello. “Não é algo que possa ser programado, porque o orgasmo vem em um momento que não dá para controlar. Vai sempre depender do estímulo, do dia que cada um teve ou terá. É uma sensação muito ligada a fatores emocionais”.
O ginecologista e terapeuta sexual Amaury Mendes Jr., professor e médico do Serviço de Sexologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), concorda: “Dificilmente um casal tem sempre o mesmo pique e o mesmo timing para atingir o orgasmo junto. Preocupar-se com o momento em que cada um chegará, e se será simultâneo ou não, tira a espontaneidade do sexo, transforma a cama em palco. É melhor viver sem essa cobrança”.
Ideia fixa prejudica o relacionamento
Por sua experiência em consultório, Mendes conta que existem casais que acabam concluindo, erroneamente, que um é inadequado para o outro apenas porque não conseguem ter orgasmos juntos. Carla credita isso ao nervosismo que a ideia fixa no orgasmo simultâneo cria.
“Fica uma situação bem pouco natural. O homem precisaria dar uma segurada e, ao perceber que a mulher está quase lá, acelerar seu ritmo para tentar gozar ao mesmo tempo que ela. Só que, na maioria das vezes, ela precisará avisar a ele e sair da concentração no próprio prazer. Inevitavelmente, um dos dois se sentirá prejudicado”, diz a psicóloga e sexóloga.
Estratégias e posições que podem ajudar
Havendo serenidade por parte dos dois para entender que não há problema se o orgasmo simultâneo não rolar, não há mal nenhum em tentar algumas estratégias e posições para facilitar o caminho para o gozo conjunto.
No livro “Consultório Sexual” (Ed. Matrix), a psicóloga e jornalista inglesa Tracey Cox aponta algumas ações individuais nesse sentido. Para os homens, sugere uma breve ejaculação, conseguida com masturbação, antes da relação sexual em si. “Para a maioria deles, é mais fácilmanter o controle depois do primeiro ‘jato’”, escreveu.
Já para as mulheres, a recomendação de Tracey é tonificar o músculo pubococcígeo. O nome é difícil, mas a localização é simples: trata-se do músculo que forma o assoalho da cavidade pélvica. Para trabalhá-lo, o exercício a ser feito – a qualquer hora, em qualquer lugar, já que ninguém notará – é simular que está prendendo o xixi. Na hora do sexo, a lubrificação será aumentada e o orgasmo, facilitado.
A dois, algumas posições podem aumentar as chances de atingir o orgasmo juntos. Mendes explica a melhor: “A mulher fica por cima sem o pênis penetrado e estimula o clitóris roçando-o no pênis ou com as mãos. Quando perceber que está perto do orgasmo, avisa ao parceiro para ele penetrar e acelerar seu ritmo. É a ‘manobra da ponte’”.
Outra estratégia que pode ser feita pelo casal, orienta o ginecologista e terapeuta sexual, é o homem se masturbar enquanto faz sexo oral na mulher. “Quando ele sentir as contrações que indicam que ela terá um orgasmo, acelera a masturbação e penetra”.
Na opinião de Mendes, o mais importante é que haja abertura entre o casal. “O verdadeiro parceiro, seja o homem ou a mulher, investiga para entender o que excita o outro, o que pode fazer para facilitar o orgasmo alheio. Conversando e se explorando, sem colocar a questão como uma obrigação, pode ser que eles tenham mais chances de chegar lá juntos”, pondera.
