Bola nega ter matado Eliza Samúdio
Ex-policial começou a ser interrogado na madrugada deste sábado.
O ex-policial Marcos
Aparecido dos Santos, o Bola, negou ter matado e ocultado o corpo de
Eliza Samudio logo no inicio de seu interrogatório na madrugada deste
sábado (27), no Fórum de Contagem, na Região Metropolitana de Belo
Horizonte. Ao ser questionado pela juíza Marixa Fabiane se as denúncias
contra ele eram verdadeiras, Bola respondeu: "Não, senhora". Ele ainda
afirmou que está preso há três anos "injustamente". Marcos Aparecido é
acusado de matar e ocultar o cadáver da ex-amante do goleiro Bruno
Fernandes.
A
primeira parte do interrogatório durou cerca de uma hora e meia. Tendo
começado por volta da meia-noite e suspenso às 1h40. A sessão do quinto
dia de júri iniciou por volta das 9h30 da manhã desta sexta-feira (27),
com a leitura de peças do processo. Por volta das 21h, foram exibidos
vídeos. Os trabalhos no Fórum de Contagem devem ser retomados na manhã
deste sábado, quando Bola vai seguir falando no plenário.
Bola começou a ser interrogado na madrugada deste sábado (27).
Durante
o interrogatório, o ex-policial afirmou que o único réu que ele
conhecia no processo era Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, o
qual havia já falado com ele por telefone. Porém, contou que só soube o
nome de Macarrão no presídio. Segundo Bola, o contato com o amigo de
Bruno havia sido feito para tratar da carreira do filho do réu no
futebol. Marcos Aparecido disse à magistrada que falou por “mais ou
menos” duas vezes com Luiz Henrique.
Bola
contou que o amigo que passou a ele o contato de Macarrão foi José
Laureano, o Zezé. Que é investigado em uma apuração complementar do
caso. Marcos Aparecido disse que morava na casa em Vespasiano, na Região
Metropolitana de BH, há cerca de 20 anos. O local é apontado como o da
morte de Eliza. O ex-policial afirmou que nenhum dos réus foi no imóvel,
inclusive Jorge Luiz Rosa, primo de Bruno que era adolescente na época,
e indicou o local a polícia.
Interrogatório de Bola será retomado na manhã deste sábado (27).
Em
vários momentos do interrogatório, Bola alegou estar cansado. “Eu estou
um ser vivo, morto vivo", disse Marcos Aparecido à juíza. Ele ainda
precisou tomar um remédio. A magistrada também reclamou do cansaço. Em
certo momento, a juíza disse “Edson Monteiro”, e o réu a corrigiu,
dizendo que o nome certo era Edson Moreira, querendo se referir ao
delegado que chefiou as investigações. Marixa então ressaltou que não
era só ele que estava cansado. Duas filhas, um filho e a esposa do réu
acompanharam o interrogatório.
Amigos
Bola
foi questionado pela juíza sobre as relações com o policial Gilson
Costa e o policial aposentado José Laureano, o Zezé. O réu afirmou que
conhecia costa há 22 anos, e Zezé há cerca de três ou quatro anos. Ambos
são investigados por participação no caso após um pedido do Ministério
Público.
Sobre
os advogados, Bola afirmou conhecer Ércio Quaresma há 20 anos e
Fernando Magalhães há cinco. Sobre Zanone Oliveira, que também o
defendeu, o réu falou que o conhecia há cinco anos.
"Animosidade"
Marcos
Aparecido reclamou do tratamento que recebeu dos delegados do caso. E
falou especificamente da sua relação com Edson Moreira, ex-delegado e
hoje vereador na capital mineira. Ele disse que conheceu tem uma
"animosidade" com Edson Moreira desde 1991, quando o ex-delegado foi
professor do réu na academia de polícia, em Minas. Durante várias vezes
eles se desentenderam, afirmou o réu.
José Arteiro é destituído
Ao
fim da sessão, a juíza leu uma petição enviada por Sônia de Fátima
Moura. No documento, a mãe de Eliza Samudio destituiu José Arteiro como
seu procurador. Sônia continua a ser representada por Maria Lúcia
Borges.
Ao
deixar o fórum, Arteiro cobrou seus honorários. “Eu não trabalho de
graça, eu quero meu dinheiro”. Perguntado sobre a exibição do vídeo dele
criticando o promotor Henry Wagner. Ele falou: “critico qualquer um que
errar”. Ao ser questionado sobre o possível erro do promotor, Aerteiro
apontou a não denúncia do pocial aposentado Zezé por parte do MP.
Desentendimento
O
quinto dia do júri popular também foi marcado por um desentendimento
entre o advogado Ércio Quaresma e a juíza Marixa Fabiane Rodrigues
Lopes. A magistrada se irritou com o defensor após ele dar ordens a um
assistente dela, que fazia a leitura de peças do processo.
Às
16h13, o advogado entrou na sala do júri e interrompeu a leitura da
peça pelo assistente da juíza, que não se encontrava no plenário. Ele
discutiu com o assistente e disse "eu não estou dando ordem, eu estou
pedindo. Estou avisando a vossa excelência que tem uma ordem do
tribunal". O defensor estava com a decisão do desembargador Doorgal
Andrada, que o autorizava a exibir na íntegra o vídeo de quase duas
horas com o depoimento de Sérgio Rosa Sales, primo do goleiro, que era
réu no processo e foi morto em agosto de 2012, em um crime passional,
segundo a polícia.
A
juíza repreendeu o advogado quando voltou ao plenário. A magistrada
demonstrou não ter gostado de saber que Quaresma se dirigiu diretamente
ao assistente dela. “O senhor entrou aos brados. O senhor não tinha
ordem para mandá-lo parar a leitura", disse. E o advogado rebateu,
dizendo que "esse moço mente". E a juíza finalizou a discussão. "O
senhor teria que se reportar a mim. (…) Aguardasse o meu retorno. (…) Eu
que presido. (…) O doutor, o senhor está advertido", encerrou a juíza.
Durante
a manhã, Marcos Aparecidos dos Santos e o filho choraram no plenário.
Durante a sessão deste quinto dia, mais de 250 páginas do processo,
entre depoimentos e laudos periciais, foram lidos. Assistentes da juíza
se revezaram na leitura.